quinta-feira, 15 de agosto de 2013

TRABALHO 3 - aula 6 (Atenas)

Questão: por que Pisístrato foi considerado um "bom tirano", segundo o texto de Aristóteles? Foi mesmo?

Aristóteles, Constituição de Atenas, 16.

O estabelecimento da tirania de Pisístrato, desde seu início, ocorreu, então, desse modo, e passou por tais vicissitudes. Pisístrato, como foi dito, administrava os negócios da cidade com moderação, e antes como cidadão do que como tirano. Em geral, com efeito, era humano, brando e clemente para com os infratores, e, em particular, adiantava empréstimos em dinheiro aos que estavam em dificuldades, viabilizando seus trabalhos de modo a se sustentarem com o cultivo de terras. Assim agia com duplo benefício: para que não permanecessem na cidade, mas sim dispersos pelos campos, de tal modo que, providos de recursos moderados e voltados para seus afazeres particulares, nem ambicionassem nem tivessem folga para se ocupar dos públicos. Ao mesmo tempo, aumentava seus rendimentos em decorrência do cultivo dos campos, pois ele cobrava o dízimo sobre a produção. Por isso mesmo, instituiu os juízes para os demos, e ele próprio saia frequentemente para os campos inspecionando e resolvendo os litígios, para que assim não negligenciassem os trabalhos com suas descidas à cidade. Com efeito, contam que foi por ocasião de uma dessas saídas de Pisístrato que lhe aconteceu o caso do homem que no Himeto cultivava o lugar mais tarde conhecido como isento. Pisístrato, admirado ao avistar alguém escavar e preparar um terreno totalmente pedregoso, ordenou a seu escravo que perguntasse o que ele extraía daquele chão. O homem respondeu: “infortúnios e sofrimentos em quantidade, e desses infortúnios e sofrimentos Pisístrato devia receber o dízimo”. O homem, portanto, retrucou não o reconhecendo, porém Pisístrato, encantado com sua franqueza e dedicação, isentou-o de tudo. Em geral, durante seu governo não atormentou a multidão em nada, antes sempre manteve a paz e velou pela tranquilidade; por isso mesmo, difundira-se a fama de que a tirania de Pisístrato era como a vida no tempo de Cronos – com efeito, o poder se tornou bem mais severo só mais tarde quando seus filhos o sucederam. O mais importante de tudo o que foi dito era seu caráter popular e humanitário. Em geral, com efeito, dispunha-se a administrar tudo em conformidade com as leis, sem se conceder nenhuma vantagem. Certa vez, intimado em um processo de homicídio perante o Areópago, apresentou-se pessoalmente para a sua defesa, mas o denunciante, amedrontado, não compareceu. Por isso mesmo, conservou-se no poder por muito tempo, e uma vez derrubado novamente o retomava com facilidade. Com efeito, a maioria dos notáveis e dos populares o apoiava, pois ele conciliava uns por meio do convívio, e outros pela assistência prestada a seus interesses privados, estando ainda naturalmente bem disposto para com ambos. Naquela época, as leis atenienses respeitantes aos tiranos eram, em geral, amenas, particularmente a que foi baixada contra o estabelecimento da tirania. Com efeito, eles tinham a seguinte lei: “Estas são as ordenações ancestrais dos atenienses: se alguém se insurge com o fim de ser tirano, ou se alguém auxilia o estabelecimento da tirania, ele próprio mais sua descendência ficam privados de seus direitos”.

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